quarta-feira, 23 de março de 2011

CO-DEPENDENCIA- MAIS COMUM DO QUE SE PENSA

CO-DEPENDÊNCIA

Quem é e como sofre o co-dependente

Muitos de nós sofremos em diferentes intensidades, manifestando de formas diferentes também. Mesmo sem ter consciência e conhecimento do que nos acontece, poderemos ser um portador da co- dependência.

No estudo através da psicanálise, conhecendo melhor a origem das doenças mentais e emocionais, vamos conseguindo identificar através dos sintomas e sofrimentos, o que ocorre conosco e com nossos pacientes com relação à co- dependência.

 Coloco-me em primeiro lugar, porque sei que se não fizer um bom trabalho comigo através da minha análise pessoal, dificilmente vou conseguir trabalhar bem com meu analisando, identificando o problema, separando os conteúdos, de forma ajudá-lo adequadamente.

Por tudo que li e ouvi, principalmente com o embasamento que obtive através do livro, “Quando o amor adoece” (Emanuel Ferraz Vespucci e Darci Pinheiro de Almeida - S.P. – 2003) acredito que foi esclarecedor quanto ao assunto; como por exemplo:
-          Que a co-dependência tem origem na infância e que nos foi passada através das gerações; não que as pessoas que nos transmitiram tivessem alguma culpa disto, muito pelo contrário, somos todos vítimas, a única diferença é que com o estudo e o trabalho de auto conhecimento através da psicanálise temos a possibilidade de identificar a origem da co-dependência e interditá-la, para não passarmos para frente, barra-la  revertendo assim o quadro.

Para isso existe um fenômeno mental a resistência, “obstáculo” a enfrentar,  que sozinhos  torna-se difícil o trabalho.
Verificamos a importância da ajuda através da análise, onde o medo instalado em se desligar do que causa o sofrimento, seja superado e ocorra a mudança.
A resistência se dá muitas vezes por estarmos confortáveis em determinada situação, e para que haja a transformação, deve o indivíduo enfrentar uma árdua tarefa.
Verifica-se que a co-dependência está presente em pessoas de diferentes classes sociais e culturais, os mais instruídos e inteligentes não ficam livres por ser uma afecção de raízes  emocionais, portanto é mais abrangente do que se pensa e parece que cada vez está presente .
 Temos muito a fazer por nós e por todos que temos a oportunidade de contribuir para  superar, barrar ou controlar a co-dependência, para podermos ser pessoas mais livres e portanto felizes. Ninguém pode se considerar feliz se sentindo culpado, responsável pelos sofrimentos dos outros, verdadeiros cúmplices das mazelas alheias, Se não nos desvencilhiarmos desses elos negativos teremos meias vidas, seremos meias pessoas, e pela metade ninguém pode se dar ao luxo de viver uma vida plena e satisfatória.

Muitas vezes o co-dependente se vê uma vítima, que sofre por causa do outro que provocou tal sofrimento, quando é agredido, explorado, humilhado, abusado, controlado; sem se dar conta que ele próprio através das suas neuroses, atraiu o outro para fazê-lo sofrer, tudo isto ocorrendo de forma inconsciente. Nossa energia atrai o que acreditamos ser merecedores e no caso o sofrimento, que bem longe de ser bom para o ser humano, mas que por motivos e causas que não conhecemos conscientemente, existem, como no caso por exemplo:
-          A criança que vive em lares conflituosos, pais que se desentendem, e outros tantos, crescem acreditando serem responsáveis pêlos sofrimentos dos pais, desenvolvendo culpas, acarretando auto estima reduzida na vida adulta.

O nosso universo mental é bem mais complexo do que supomos, portanto nos cabe escavar até as profundezas do nosso inconsciente, com o objetivo de buscarmos as verdadeiras causas, a raiz do problema, para ficarmos cientes porque muitas vezes nos sentimos tão vazios, como se algo nos faltasse. É importante acreditarmos que, para nos preenchermos, não precisamos do sofrimento que acumulamos no decorrer da vida, mas, sim ocupando o vazio com alegria e satisfação de sermos nós mesmos, aceitando como somos, sem culpas e cobranças, livres de todos os sofrimentos desnecessários para viver.

Como co-dependentes, nos damos conta muitas vezes controlando o outro, cuidando tanto dele, fazendo por ele, no intuito de tê-lo em nossas mãos, mas, o que precisamos realmente é tomarmos posse de nós mesmos e não do outro, o controle do outro pode sim é nos descontrolar, porque ninguém pode ser feliz controlando o outro ou sendo controlado, temos que nos libertar deste elo doentio.

A pessoa se torna ansiosa, angustiada, solitária, desesperançada, depressiva, com pensamentos destrutivos, porque nunca está centrada nela mesma, no seu potencial. Está buscando nos personagens externos suas necessidades internas, causando-lhe mal estar, insatisfação, faltas e falhas. A partir do momento que conseguir através de sua mudança, entender que a maior parte do que necessita está dentro de si mesmo, e que é um ser humano com fontes inesgotáveis para se auto suprir, que o mundo, objetos e pessoas fazem parte deste universo, não são seus de forma doentia como entende e age, estará indo em direção a sua “cura”.

Todos os tipos de drogas, alcoolismo, dependências e comportamentos obsessivos, ciúmes doentio, inveja, fazem parte do indivíduo co-dependente, que se agarra de forma compulsiva na tentativa de suprir e aliviar seu sofrimento, esses indivíduos atraem outros iguais para compartilhar de suas neuroses e vidas, um necessita do outro infelizmente, complementa o outro para sofrer e aliviar a sua culpa, quando um se livra da sua co-dependência, o outro procura um substituto, pois está viciado com o sofrimento que o outro lhe proporciona, acreditando muitas vezes vítima, apenas compartilha das mesmas carências e neuroses.

 A psicanálise como já foi citada, nos ajuda no auto descobrimento, resgatando nossa auto estima, auxiliando para que nos enxerguemos com maior clareza, mudando assim nossa conduta,  nos permitindo acreditar que:

 - Merecemos atrair para nós uma vida boa e saudável substituindo o sofrimento.

Dr. Nilton de Oliveira

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